Donadon se
ajoelhou para agradecer aos deputados que não o cassaram, no Plenário da Câmara
O “gigante que acordou” nas
ruas, durante as últimas manifestações, amanheceu revoltado com a absolvição do
deputado Natan Donadon, como o Correio do Brasil apurou, ao
visitar centenas de perfis nas redes sociais. Entre as manifestações mais
contundentes estava a do secretário de saúde do município de São João,
Oscar Berro: “Parabéns Natan Donadon! A cara do Brasil de merda! Nojo…
Depois falam das passeatas! Tinha que haver uma CPI para apurar um resultado
desses na votação! Vamos acabar com o voto secreto pra cassar parlamentares!”,
protestou. Para a filóloga Yvonne Bezerra de Mello, “99% dos membros do
congresso atual deveriam ser banidos da vida política do país. Uns vermes,
corroendo nossa república e nossa democracia. Não há adjetivo que qualifique a
atuação do congresso nessas legislatura. E sabem porque fazem. Gozam da
impunidade e se baseiam no voto de cabresto e fácil num país onde ainda as
desigualdades são gritantes. Se fossemos um país sério, nenhum deles se
reelegeria”. O professor Carlos Alberto de Oliveira, da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, acredita que o jeito é reforçar as passeatas: “Vamos voltar
para as ruas! Vamos retomar a Câmara dos Deputados para o povo! Vamos cobrar de
nossos deputados que digam como votaram na cassação do bandido, quadrilheiro,
corrupto Donadon! Se ele ná revelar, vamos cassá-los em 2014!”. E a
jornalista Cristina De Luca reproduz a “perguntinha do amigo Alex Campos: A
absolvição do Donadon, mesmo condenado e preso, significa o quê: lugar de
corrupto é na Câmara, ou lugar de deputado é na cadeia? E aí?”.
Maioria
absoluta
Na noite passada, o plenário
da Câmara absolveu o deputado Natan Donadon do processo de cassação de mandato.
Foram 233 votos a favor do parecer do relator, Sergio Sveiter (PSD-RJ),
131 votos contra e 41 abstenções. Para que Donandon perdesse o mandato, o
parecer de Sveiter precisaria de, no mínimo, 257 votos. Faltaram 24 votos para
que o deputado fosse cassado e perdesse o mandato parlamentar. Em função do
resultado da votação, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), anunciou que, enquanto estiver na presidência da Casa, nenhum
processo de cassação será em votação secreta. Prometeu trabalhar para aprovar o
mais rápido a proposta de emenda à Constituição (PEC), que institui o voto
aberto nos processos de cassação de mandato. Alves disse que tendo vista a rejeição
do parecer de Sveiter, a presidência da Câmara acatava a decisão do plenário. –
Todavia, uma vez que, em razão do cumprimento de pena
em regime fechado, o deputado Natan Donadon encontra-se
impossibilitado de desempenhar suas funções, considero-o afastado do exercício
do mandato e determino a convocação do suplente imediato, em caráter de
substituição, pelo tempo que durar o impedimento do titular – disse.
Segundo Henrique Alves, enquanto Donadon estiver preso ele não terá
direito a salário e nem a moradia funcional. O suplente é o ex-senador Amir
Lando, que deverá assumir o mandato enquanto o titular estiver preso.