Jefferson
fala aos jornalistas em sua casa, em Comendador Levy Gasparian (RJ)
Para o
delator do esquema, que aguarda em casa a expedição do mandado de prisão, não
se pode definir caso como 'político' ou 'de exceção'
RIO - Condenado a sete anos e 14 dias por
envolvimento no mensalão, o delator do esquema, o ex-deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ), rebateu na manhã desta quinta-feira, 21, as declarações do
ex-ministro José Dirceu, para quem o julgamento foi "de exceção".
Jefferson aguarda em sua casa em Comendador Levy Gasparian a expedição do
mandado de sua prisão. Para o ex-deputado, o julgamento no STF foi democrático,
o que não significa que tenha sido justo ou que concorde com o resultado de
condenação. "Foram juízes que ele [Dirceu] indicou. Pode não concordar com
a decisão, mas dizer que é político, de exceção, não dá. Falar de elites, que
elites?", afirmou, pregando respeito às instituições e assinalando que o
Brasil não é "Cuba ou a Venezuela".
Jefferson disse acreditar que a partir das
condenações dos réus no processo a política do País passará a viver um novo
momento. "A política mudou, já há alterações no comportamento, muito em
função de vocês (imprensa). Vocês mudaram o Brasil", afirmou. Perguntado
sobre a expectativa de julgamento pelo Supremo do caso do mensalão mineiro, que
envolve políticos do PSDB, ele preferiu se abster. "Não sou promotor.
Tenho apreço a Eduardo Azeredo (PSDB-MG) como pessoa. Foi um bom
governador", pontuou. Bem humorado, o ex-deputado chamou jornalistas para
tomar café da manhã com ele. Na refeição, adotou um tom descontraído e abriu as
portas de sua casa, mostrou os cômodos, apresentou os animais de estimação -
seis cachorras e cinco pássaros - e não se furtou em falar de política.
"Sou político", justificou, dizendo não ter saudades de Brasília, uma
"cidade árida e de passagem", segundo sua visão, mas disse sentir
falta da convivência diária do Congresso. Ao lado da mulher, Ana, ele ordenou
aos empregados da casa que oferecessem acesso aos banheiros e água em uma das
residências contíguas do condomínio familiar.
Fonte Estadão