De acordo com a Folha de S.
Paulo, um filho da ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Telma Britto,
e duas filhas do presidente afastado do órgão, Mário Alberto Hirs, afastados do
órgão pelo CNJ após indícios de irregularidades em suas gestões, são
funcionários em cargos de confiança do Governo do Estado da Bahia. Marcos
Britto, Renata Hirs e Patrícia Hirs são filhos dos dois desembargadores trabalham
na Secretaria Estadual de Administração (Saeb). Os três entraram através de
certame para contratação temporária por dois anos. O CNJ afastou os
desembargadores Hirs e Britto de suas atividades na semana passada por
suspeitas de participação num esquema de sobrevalorização de valores de
precatórios (dívidas do Executivo com ordem judicial de pagamento) cujo
prejuízo potencial é estimado em R$ 448 milhões.
Já nesta terça-feira (12), o CNJ
abriu um novo processo para investigar os magistrados, por outros indícios de
má gestão no Judiciário baiano, como problemas no funcionamento de cartórios e
convênios irregulares. Os filhos dos desembargadores ingressaram no governo
baiano por meio de concurso para contratação temporária por um período de dois
anos, renovável por mais dois anos.
Marcos Britto foi nomeado
em 2008 para um cargo de assessoria jurídica ligado ao gabinete do secretário.
Renata Hirs assumiu o cargo em 2009, para a coordenação do setor de intercâmbio
e inovação da secretaria. Patrícia Hirs também foi nomeada em 2009, num cargo
de nível médio, na área de recursos humanos.
Após vencido os prazos dos
contratos, em 2012 e 2013, os três passaram a ocupar cargos de confiança na
secretaria, com salários entre R$ 2.000 e R$ 5.000. A nomeação dos três filhos
de desembargadores se deu durante a gestão do ex-secretário de Administração
Manoel Vitório. Ele assumiu o cargo em 2007, com a posse de Jaques Wagner,
tendo no currículo o comando do Ipraj (órgão que administrava o Judiciário da
Bahia) na gestão do ex-desembargador Carlos Alberto Cintra na presidência do
TJ-BA. A assunção de Vitório ao secretariado de Wagner foi creditada ao
desembargador Dutra Cintra, que liderava o grupo no TJ-BA do qual fazem parte
Telma Britto e Mário Alberto Hirs. Na época da nomeação, Vitório e Dutra Cintra
negaram a suposta indicação.
OUTRO
LADO
Em nota, os desembargadores Mário
Alberto Hirs e Telma Britto afirmam que não há legislação "que proíba que
ascendente ou descendente de um servidor público desempenhe suas funções em
esferas diferentes do serviço público". Também disseram que as nomeações
dos filhos são anteriores ao período em que ambos comandaram o TJ-BA. "Os
desembargadores não poderiam estar desconfortáveis por terem filhos
trabalhadores e comprometidos com o desenvolvimento social", diz o texto.
Sobre a relação com o secretário Manoel Vitório, Hirs e Britto afirmam ser
"respeitosa, não havendo beneficiamento nos poderes". A Secretaria da
Administração de Wagner informou que Renata Hirs, Patrícia Hirs e Marcos Britto
"não ocupam posições de diretoria, mas cargos intermediários de assessoria
técnica" e afirmou que os três cumprem suas funções de forma regular. A
secretaria também disse que os casos não configuram nepotismo. De acordo com o
marco legal do Estado, pode haver nepotismo apenas em casos de nomeação de
parentes de funcionários para um mesmo Poder.