A Comissão
de Ética da Presidência da República decidiu na manhã desta segunda-feira (11)
abrir um procedimento para investigar o uso de um helicóptero da PRF (Polícia Rodoviária Federal)
pela ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e aplicar uma
advertência ao presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), Vinicius Marques de Carvalho. Segundo o presidente da Comissão de
Ética da Presidência, Américo Lacombe, ainda não foi designado relator para o
caso da ministra. Ideli visitou obras e participou de inaugurações em Santa
Catarina, sua base eleitoral, em um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal
que era usado, entre outras coisas, para fazer atendimentos médicos.
Responsável pela articulação
política do governo, Ideli usou cinco vezes a aeronave de 2012 a 2013 para
inaugurar obras rodoviárias, lançar editais, inaugurar posto da PRF e se reunir
com prefeitos. O caso foi revelado pelo "Correio Braziliense". "[Ela
tem] dez dias [para responder], que é o prazo normal. Se ela quiser pedir mais,
a gente normalmente dá, porque acho que o problema de ampla defesa é sagrado.
Se não, não temos democracia neste país", disse Lacombe. Procurada pela Folha, Ideli afirmou, por meio
da assessoria, que "está à disposição para prestar quaisquer
esclarecimentos junto à Comissão de Ética Pública da Presidência
República". A ministra aproveitou para reafirmar nota divulgada
anteriormente, na qual diz que "nos dias em que houve a utilização do
helicóptero não ocorreu nenhum acidente que justificasse a requisição da
aeronave para prestação de socorro". "Em Santa Catarina, há outras
aeronaves que prestam serviços aeromédicos", disse ainda em nota.
Já a advertência ao presidente
do Cade aconteceu, segundo Lacombe, porque Carvalho não tomou as providências
necessárias para se desvincular do PT, partido que era filiado, antes de assumir
o cargo no Conselho. "Ele não tomou providencias necessárias para cancelar
o registro dele do partido. Ele pediu, mas não foi atrás, não foi à Justiça
Eleitoral. Tanto que algum tempo depois, depois de ele já ter se desligado do
partido, numa relação aparece o nome dele como integrante. Ele não se
considerava mais (filiado ao PT), mas ainda tecnicamente era (filiado)",
afirmou Lacombe. Procurada, a assessoria de imprensa do Cade ainda não se
manifestou sobre o caso.
Fonte Folha