Apesar de se declarar moderado na
hora das compras, o brasileiro não resiste aos impulsos e leva para casa
produtos sem planejamento, revela pesquisa divulgada hoje (22) pelo Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL). O levantamento mostra uma contradição no comportamento do
consumidor: 88% dos entrevistados declaram-se moderados ou conservadores na
hora de fazer compras, mas 47% admitiram terem comprado produtos que sequer
chegaram a usar. O estudo constatou a tendência de o brasileiro usar o consumo
para satisfazer as vontades pessoais. De acordo com a pesquisa, 62% dos
entrevistados declararam pensar em compras supérfluas do mês seguinte antes
mesmo de receber o salário. Além disso, 59% disseram ter comprado um produto
pensando que o merece, sem analisar as condições financeiras. Para o gerente
financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, as compras por impulso são resultado
tanto de fatores psicológicos como socioeconômicos. Segundo ele, boa parte do
contingente de 40 milhões de pessoas que subiram para a nova classe média na
última década tem usado o consumo para se encaixar na sociedade.
“Existe um processo de redefinição
da identidade de classe pelas pessoas que subiram de classe social. Por uma
questão de status, elas compram mais para impressionar a família, os amigos e
obter autoestima. Sem planejamento, essas pessoas adquirem produtos de que não
precisam de fato e acabam se endividando excessivamente”, explica Borges. Ele
ressalta que o levantamento mostrou que 12% dos consumidores fazem questão de
ter acesso a tecnologias de ponta assim que são lançadas. “Será que tem
necessidade?”, questiona. De acordo com o gerente do SPC, o consumidor deve ser
ainda mais cuidadoso com as compras em tempos de aperto no crédito e baixo
crescimento da economia. “Os bancos estão aumentando os juros e reduzindo a
oferta de crédito. O emprego está crescendo menos. Isso deveria ser um sinal de
alerta para a população, mas o consumidor continua gastando muito, mesmo num
cenário menos otimista”, diz. Além dos fatores sociais e culturais, o
especialista cita a falta de educação financeira como uma das principais causas
para a impulsividade do consumidor. “Quem tem educação financeira tende a saber
definir prioridades e organizar gastos e passa até a ter maior controle
psicológico sobre a impulsividade. Se esse tipo de conhecimento for trabalhado
desde a idade escolar, o consumidor chegará à idade adulta com maior controle
sobre os gastos”, destaca.
Fonte Notícia Capital