A sessão desta terça-feira (22) na Assembleia
Legislativa (AL-BA) teve uma votação tranquila dos projetos acordados entre
oposição e governo, mas o clima esquentou quando foram discutidos os próximos
textos que podem entrar na pauta da Casa. Matérias que ganharam força após as
manifestações de junho para dar uma imagem positiva para a AL-BA podem ser –
enfim – votados ainda este mês, embora um deles conte com grande resistência
dos políticos. A primeira trata do fim da reeleição para presidente da
Assembleia que, após a discussão
em torno do orçamento impositivo, foi colocada em pauta
pelo líder do PT Rosemberg Pinto. No quarto mandato no posto, Marcelo Nilo
(PDT), depois de reafirmar que não será candidato a reeleição, prometeu colocar
a proposta em análise na próxima semana. Ele pretende capitanear o texto como
“um projeto da Mesa Diretora”. A ideia teve o apoio dos outros deputados, o que
não aconteceu com a segunda redação, escrita por Álvaro Gomes (PCdoB). O
próprio Nilo afirmou que a Casa deveria votar o fim dos salários extras que os
parlamentares recebem em convocações extraordinárias, como durante o recesso
parlamentar ou as férias dos políticos. Atualmente, eles recebem um salário
quando iniciam a atividade e outro ao final, além do que já ganhariam no mês.
Ou seja, quando a convocação extraordinária é feita, cada político recebe R$ 60
mil, fora as verbas de gabinete e outros benefícios. Nem bem o pedetista colocou o tema em pauta, membros da base governista
pediram “questão de ordem” e bradaram contra o texto do comunista Álvaro Gomes.
“Acho o projeto extemporâneo e desnecessário. Não pode ser prioridade como os
outros dois”, afirmou Paulo Rangel (PT), que ainda avaliou não se tratar de um
assunto de relevância para a sociedade. “Tem trazido desgaste e não tem tido
apoio da opinião pública”, completou o petista, que não ganhou o apoio do
presidente da AL-BA. Nilo considerou o tema importante e bem avaliado entre os
eleitores. Por outro lado, Sildevan Nóbrega (PRB) ficou ao lado dos
insatisfeitos, assim como Alan Sanches (PSD), que cravou ser “contrário à
tramitação”, ao utilizar as mesmas palavras de Rangel para o projeto:
“extemporâneo e desnecessário”. Gomes se defendeu, após ser interpelado pelos
colegas e também por Rosemberg, que ressaltou o número reduzido de convocações
extraordinárias: apenas duas vezes nos últimos anos. O comunista voltou a
afirmar que defende a medida desde 2003 e destacou que a
decisão de se a matéria deve ou não ser aprovada cabe à maioria dos 63
parlamentares. Nos bastidores ficou clara qual a real resistência que o texto
enfrenta. No pé do ouvido, deputados governistas comentaram com colegas o
verdadeiro motivo de não apoiarem o projeto. O Bahia Notícias flagrou
parlamentares garantindo que preferem devolver os salários extras em vez de
serem impedidos de receber a verba, para não “dar moral” a Álvaro Gomes. Uma
das possibilidades é de que a medida seja aprovada para que todos fiquem “bem
na fita” com a opinião pública, mas com autoria das bancadas e não de apenas um
parlamentar.