Marrone, da dupla Bruno e
Marrone, autografa camiseta da Telexfree, em 19 de outubro
Empresa, acusada de ser
pirâmide financeira, teria pago R$ 500 mil; dupla não comenta. A dupla
sertaneja Bruno
e Marrone foi contratada para fazer três shows num
cruzeiro da Telexfree ,
empresa acusada de ser uma pirâmide financeira . O cachê, que
seria de R$ 500 mil, já está pago. O 2º Extravagancia Telexfree acontece nos
dias 15 a 18 de dezembro. “A gente fez até um preço legal para eles”, disse um
representante do escritório que representa a dupla, sem saber que falava com a
reportagem. O contrato teria sido firmado “em maio ou em junho”, afirmou.
Metade do cachê foi pago no ato. “Eles demoraram um pouquinho, mas honraram o
compromisso [ e quitaram o resto ]. Mas eles pagaram direitinho.”
Devedores. - A Telexfree
está com as contas bloqueadas desde junho por decisão da 2ª Vara Cível do Acre.
O congelamento alcança também os sócios Carlos Wanzeler, Carlos Costa, James
Merryl e Lyvia Wanzeler. Desde então, a Telexfree deixou de pagar seus
divulgadores, como são chamadas as pessoas que colocaram dinheiro no negócio.
Até o início de outubro, ao menos 50 conseguiram , na Justiça, o
direito de reaver o investimento, mas as decisões não estão sendo executadas em
razão do bloqueio judicial. Procurados, os representantes da Telexfree não
quiseram comentar as informações sobre o contrato com a dupla de sertanejos.
Eles sempre negaram irregularidades nas atividades. A assessoria de imprensa de
Bruno e Marrone confirmou apenas a realização do show, mas não o valor e as
datas dos pagamentos.
Anúncio do 2ª Extravagancia Telexfree, cruzeiro que ocorre em dezembro
A imagem
da dupla sertaneja foi usada para simbolizar que a situação da Telexfree está
melhor. No último domingo (20), a empresa postou numa rede social a foto dos
cantores com a frase “Os ventos voltam a soprar a favor da Telexfree”. Em outra
imagem, Marrone aparece autografando uma camiseta da Telexfree. O 2º Extravagancia
Telexfree, que será realizado pela MSC Cruzeiros, não é o único grande evento
que a empresa vai realizar apesar do bloqueio. Nos dias 1º e 2 de novembro, a
empresa fará o “1º Extravagancia USA”, nos Estados Unidos, onde os donos da
empresa no Brasil fundaram, em 2002, um negócio que mais tarde foi rebatizado
de Telexfree Inc.
Pirâmide
financeira. - No Brasil, a
Telexfree foi criada em 2010, mas só deu início às suas atividades efetivamente
em 1º de março de 2012, de acordo com a Justiça do Espírito Santo, onde fica a
sede da empresa. Desde então, cerca de 1 milhão de pessoas pagaram para aderir
ao negócio, com a promessa de lucrar na revenda de pacotes de telefonia VoIP , na colocação
de anúncios na internet e no recrutamento de mais revendedores. Os
representantes da empresa afirmam que o negócio se trata de marketing
multinível, um modelo legal de varejo em que representantes autônomos são
premiados pelas vendas de outros representantes. Mas para o Ministério Público
do Acre (MP-AC), responsável o pelo pedido de bloqueio, a Telexfree é,
possivelmente, a maior pirâmide financeira da História do País. Em ação civil
pública proposta logo depois do congelamento das contas, o MP-AC pede o fim da
Telexfree e a devolução das verbas aos divulgadores. O caso, entretanto, ainda
não foi julgado nem tem data para ocorrer. No início de outubro, a defesa da
empresa conseguiu uma decisão que permitirá a análise do bloqueio pelo Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF) . O caso chamou
a atenção para a existência de uma série de outros negócios apresentados como
marketing multinível, mas que levantaram suspeitas de promotores e procuradores
da República. Cerca de 80 empresas estão sob escrutínio e, além da Telexfree,
outras três – BBom , Priples e
Blackdever – já tiveram as
contas congeladas. Nenhuma delas admite irregularidades.
Fonte IG