O assessor especial para assuntos internacionais da
Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que o governo
brasileiro não considera devolver para a Bolívia o senador Roger Pinto Molina,
daquele país, que fugiu para o Brasil em agosto. Em entrevista ao
programa Poder e Política, da Folha e do UOL, o assessor do Planalto elaborou sobre como
pode ser o desfecho desse caso do senador boliviano. "Devolvê-lo para a
Bolívia, nós não devolveremos", disse. "Há duas possibilidades: ou
ele pode ter asilo aqui ou ele pode ir para outro país. Analisando estritamente
as hipóteses". Marco Aurélio Garcia avalia que "houve, sem sombra de
dúvidas, um problema de comando" no Ministério das Relações Exteriores
nesse episódio. "Tanto é que trocou o ministro", completou,
referindo-se à demissão de Antonio Patriota do Itamaraty depois que ficou
comprovado que um diplomata brasileiro ajudou na fuga do senador boliviano para
Brasília. Na entrevista, o assessor presidencial que ocupa essa função desde o
início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, disse também que o
recente caso de espionagem dos Estados Unidos no Brasil serviu de
"alerta" à administração federal quando for necessário adquirir
equipamentos militares. "Sem dúvida é um pouco um alerta", afirmou. A
avaliação de Marco Aurélio foi dada ao comentar a compra de equipamentos de
defesa que o Brasil fez da Rússia nesta semana - cerca de R$ 2 bilhões para
adquirir baterias antiaéreas. Para ele, o Brasil deve comprar material de
defesa "de grande qualidade" e de países que assegurem "o uso
soberano" desses equipamentos. "Nós não podemos ficar dependentes".
Marco Aurélio não quis especular se o episódio da espionagem norte-americana no
Brasil e a recente compra de equipamentos da Rússia enfraquecem a posição dos
EUA no processo de aquisição de novos aviões caça para a Força Aérea
Brasileira. Mas o substrato de suas declarações indica que essa é uma
possibilidade real.
Fonte UOL