FRAGILIZADO E EM BAIXA NAS PESQUISAS, HADDAD TENTA REAPROXIMAÇÃO COM BASE DO PT

Após desgaste com protestos de junho, prefeito de São Paulo adota tom mais humilde, ouve duras críticas da militância do partido e abre canal direto de diálogo Amargando baixos índices de popularidade e fragilizado politicamente em função dos protestos de junho, o prefeito de São Paulo, Fernando Hadad , busca uma reaproximação com a base do PT. Na última segunda-feira, Haddad participou de uma longa reunião com mais de 30 presidentes de diretórios zonais do PT e representantes de setoriais do partido na capital paulista. a conversa, o prefeito abriu um canal direto de diálogo com a militância do partido, sem passar pela mediação das subprefeituras (ocupadas por engenheiros de carreira) e se comprometeu a voltar a se reunir com o partido uma vez a cada 75 dias. Haddad se reaproxima da militância do PT e abre canal de diálogo. Segundo relatos, a reunião serviu para reduzir a pressão acumulada na base petista desde a eleição de Haddad e para melhorar a relação desgastada. "Havia uma ansiedade de todos nós. Foram oito anos sem um governo popular em São Paulo e agora que temos um esperávamos mais espaço", disse o representante do setorial de habitação do PT paulistano, Sidnei Pita, que participou da reunião. "Com este novo desenho diminuiu um pouco a ansiedade", completou. O prefeito prometeu reuniões periódicas e a criação de uma conta de email exclusiva pela qual os dirigentes petistas vão encaminhar diretamente a secretário de Relações Governamentais, João Antonio, pleitos e demandas da população. De acordo com participantes, Haddad não falou sobre cargos nas subprefeituras, principal alvo de cobranças do PT desde a eleição. Durante o encontro, o prefeito ouviu duras críticas da base petista. Muitas pela demora na execução de promessas de campanha, concentração de poder nas mãos de poucos secretários e, principalmente, falta de diálogo com a base que o elegeu. "Nem todo mundo está brigando por causa de cargos mas quase todos reclamaram pela falta de diálogo", disse Pita. A reunião com Haddad era pleiteada pelo PT paulistano há mais de oito meses. Desde então o prefeito se recusava a receber os dirigentes petistas. Nas poucas vezes em que ouviu a base do partido desde que foi eleito, o prefeito recusou duramente as demandas dos dirigentes, que apontaram traços de arrogância e inabilidade na postura de Haddad. Participantes do encontro notaram um tom mais humilde por parte do prefeito. "Ele estava pianinho. Ouviu coisas muito pesadas e não rebateu como fez em outras ocasiões. Esperamos que tenha aprendido a lição. Dor de barriga não dá só uma vez", disse um dirigente que pediu para não se identificar. Além de receber a base petista pela primeira vez, Haddad também passou a conversar individualmente com vereadores nas últimas semanas. Tanto a reunião com petistas como as conversas com vereadores coincidem com o momento de fragilidade política de Haddad. Segundo o Datafolha de 1o de julho, Haddad tem apenas 18% de aprovação e 40% de rejeição. A atuação do prefeito na crise do aumento das tarifas foi considerada desastrosa por petistas, assessores e aliados. Os números fizeram piscar o sinal de alerta na cúpula do partido. Cerca de duas semanas atrás a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram em Brasília para traçar um plano de resgate da popularidade do prefeito, considerada fundamental para a reeleição de Dilma no ano que vem. A prefeitura e o secretário João Antonio foram procurados para comentar o assunto mas não responderam à reportagem do iG .
Agência Brasil