O episódio se repete 22 anos depois do Impeachment de Fernando
Collor de Melo, quando se envolveu em escândalo com PC Farias em 1992.
Entenda: em reportagem publicada pela revista Veja,
na sua edição de 13 de maio de 1992, Pedro Collor de
Mello acusava o tesoureiro da campanha presidencial de seu irmão, o
empresário Paulo César Farias, de articular um esquema de
corrupção de tráfico de influência, loteamento de cargos públicos e cobrança de
propina dentro do governo.
O chamado
“esquema PC” teria, como beneficiários, integrantes do alto escalão do governo
e o próprio presidente. No mês seguinte, o Congresso
Nacional instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar o caso. Durante o processo investigatório, personagens como Ana
Accioly, secretária de Collor, e Francisco Eriberto, seu ex-motorista,
prestaram depoimento à comissão confirmando as acusações e dando detalhes do
esquema.
Um dos
expedientes utilizados por Paulo César era abrir contas “fantasmas” para
realizar operações de transferência de dinheiro arrecadado com o pagamento de
propina e desviado dos cofres públicos para as contas de Ana Accioly. Além
disso, gastos da residência oficial de Collor, a Casa da Dinda, eram pagos
com dinheiro de empresas de Paulo César Farias.
Aprovado
por 16 votos a 5, o relatório final da comissão constatou, também, que as
contas de Collor e Paulo César não haviam sido incluídas no confisco
de 1990. Foi pedido, então, o impeachment do
presidente.
Agora, é
a presidente Dilma Rousseff (PT) que está em foco com o caso da compra de uma
refinaria superfaturada nos Estados Unidos pela Petrobras: a refinaria de
Pasadena (Texas) em 2006. Essa aquisição levantou suspeitas de
superfaturamento e evasão de divisas na negociação. Mas o caso ganhou ainda
mais repercussão porque, na época, quem presidia o Conselho de Administração da
estatal, que deu aval à operação, era a atual presidente da República, Dilma Rousseff.
Em 2006,
a Petrobras pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria (US$ 190 milhões pelos
papéis e US$ 170 milhões pelo petróleo que estava em Pasadena). O valor é muito
superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$
42,5 milhões.
Em 2008,
a Petrobras e a Astra Oil se desentenderam e uma decisão judicial obrigou a
estatal brasileira a comprar a parte que pertencia à empresa belga. Assim, a
aquisição da refinaria de Pasadena acabou custando US$ 1,18 bilhão à petroleira
nacional, mais de 27 vezes o que a Astra teve de desembolsar.
A
presidente Dilma afirmou, após a abertura de investigações no Tribunal de
Contas da União (TCU), Polícia Federal e Ministério Público, que só aprovou a
compra dos primeiros 50% porque o relatório apresentado ao conselho pela
empresa era “falho” e omitia duas cláusulas que acabaram gerando mais gastos à
estatal.
O
impeachment de Dilma
Assim
como aconteceu com Collor, após a explosão dos escândalo de Pasadena, muitas
novas informações apareceram e evidenciaram suposta corrupção dentro da
Petrobras, suspeitando-se ainda que Dilma estaria a par disso e até mesmo
cumpliciada com a situação. A relação abalada com o PMDB nas últimas semanas,
atrelada a oposição que faz questão de destacar o escândalo, pode desencadear
uma CPI, assim como aquela de 1992 que resultou no impeachment de Fernando
Collor. Se houver evidencias maiores da compactuação da presidente petista ao
caso e confirmada as suspeitas de corrupção, um impachment é eminente.
Hoje na
capital do Paraná, Curitiba, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa teve sua prisão preventiva decretada. Investigado pela
operação Lava Jato da Polícia Federal, Costa foi preso na última quinta-feira
por ocultar provas da Justiça. O prazo do mandado de prisão preventiva venceria
nesta terça-feira (25), mas a Justiça decidiu que Costa deve permanecer na
cadeia, por prazo indeterminado, para evitar nova destruição de provas. Também
contribuiu para a decisão a suspeita de que ele recebeu propina do doleiro
Alberto Youssef, principal alvo da operação, por obras da refinaria Abreu e
Lima, entre 2011 e 2013. Costa é investigado pelo crime de corrupção passiva.
FONTE:
Diário Do Estado