CALÇADA DO COPACABANA PALACE VIRA DORMITÓRIO PARA PEREGRINOS

Areias da praia já não têm espaço para fiéis. Muitos deles acamparam na Avenida Atlântica

Rio - As areias de Copacabana estão completamente tomadas por fiéis que esperam pela Vigília com o Papa Francisco, na noite deste sábado. Devido à falta de espaço, uma cena inusitada se deu no bairro: as calçadas da Avenida Atlântica foram tomadas pelos peregrinos, que instalaram colchões e barracas no local, transformando  a fachada do Hotel Copacabana Palace em dormitório. Mais de 2 milhões de pessoas esperam pelo Sumo Pontífice, neste momento. Um grupo de jovens de Campos dos Goytacazes, que chegaram neste sábado e vão passar a noite no local, encarou com bom humor a situação. O estudante Carlos Alexandre de Souza, 16 anos, disse que todo sacrifício para ver o Papa é válido. "Nós vamos embora amanhã cedo e vamos passar uma noite animada, mesmo com o frio. Não vamos arredar o pé. Vale tudo pra ver o Papa, inclusive dormir no chão das calçadas, ao relento", afirmou. A Prefeitura liberou o uso de saco de dormir, mas proibiu o uso de barracas.
Calçada do Copacabana Palace vira dormitório de peregrinos
Muitos peregrinos instalados no local descansavam aguardando a chegada do Sumo Pontífice. A Irmã Vera Lúcia Rodrigues Gonçalves, da Congregração Franciscano Angelina, de Mato Grosso do Sul, lanchava encostada na fachada do hotel. "Não devo dormir aqui, vou passar a noite acordada. Estou impressionada com a união das pessoas e com o clima de paz e busca da multidão no mesmo objetivo, que é a oração e o amor em Cristo", disse.
Milhares de pessoas continuam chegando a Copacabana. A expectativa é que o evento atraia até 3 milhões de pessoas. Na saída do túnel que liga Botafogo ao bairro, carros do Exército orientam os peregrinos em três línguas, além do português: francês, inglês e italiano. Os avisos, feitos em um megafone, pedem que os fiéis se alimentem bem, guardem seus pertences e fiquem atentos a possíveis tumultos. Até o momento, não há registro de confusão no local.
Mais de dois milhões esperam pelo Papa em Copacabana
JMJ gerou até agora um sexto do lixo recolhido de Copa no réveillon
As três noites de atos centrais da Jornada Mundial da Juventude na Praia de Copacabana geraram juntas um sexto do lixo que a prefeitura costuma recolher na festa de réveillon. A informação foi divulgada neste sábado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante entrevista à imprensa para informar que a JMJ vai quebrar o recorde de público na história da cidade, com uma estimativa de até 3 milhões de pessoas no domingo. De acordo com o prefeito, 47 toneladas de lixo foram recolhidas na Missa de Abertura, de terça-feira, na Festa de Acolhida do Papa, na quinta-feira, e na Via Sacra, nesta sexta-feira. Paes disse que na festa da passagem de ano, em Copacabana, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana costuma recolher 300 toneladas de lixo. De acordo com o prefeito, os fiéis têm mais consciência em relação a manter o local dos eventos limpo. "Isso mostra o espírito de civilidade, o grau de cidadania e de fé dessas pessoas", disse o prefeito, que, apesar das dificuldades de transportes com ônibus e metrô e da exclusão do Campus Fidei (Campo da Fé) da programação, avalia positivamente a JMJ. "Não são muitas as cidades do mundo que têm a condição de receber essa quantidade de peregrinos. Eu diria que o evento é um sucesso. O papa trouxe uma mensagem e um simbolismo que conquistou os cariocas e os cidadãos da região metropolitana".
Católico, o prefeito foi enfático ao elogiar o evento. "Estamos tendo o evento mais bonito da história desta cidade. É emocionante ver os peregrinos. É uma invasão do bem". Para comentar as manifestações que desde quinta-feira ocorrem também em Copacabana, o prefeito pegou o celular e citou a declaração dada pelo papa Francisco mais cedo. "Entre a indiferença egoísta e os protestos violentos sempre há uma opção possível: o diálogo, o diálogo entre as gerações, o diálogo entre o povo e todos somos povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade. Um país cresce quando suas diversas riquezas culturais dialogam de maneira construtiva", disse. "Manifestações são algo normal em um país democrático, e graças a Deus o papa está em um país democrático. O papa pode dizer o que pensa e os manifestantes também. Mas a grande manifestação é a dos peregrinos e das pessoas cristãs ou não que estão indo a Copacabana", finalizou.